Sobre operações unitárias e a implementação da lei 10.639 no ensino de Química: o ato de cozinhar como prática social

Sobre operações unitárias e a implementação da lei 10.639 no ensino de Química: o ato de cozinhar como prática social

Em nosso cenário educacional, sobretudo no Ensino de Ciências, precisamos disseminar e recuperar os referenciais históricos, científicos e culturais do continuum negro que dialogam com conhecimentos entre as terras brasileiras (de aqui) com as de terras africanas (de acolá). Nessa premissa, esse estudo apresenta discussões acerca da descolonização do currículo do Ensino de Ciências, especialmente, na esfera do Ensino de Química, no qual consideramos que todos os sujeitos sociais vivem numa sociedade multicultural, em que cada grupo (africano, indígena, asiática e europeia) que fundou essa sociedade brasileira, trouxe consigo elementos culturais, históricos e sociais que necessitam estar e serem presentes na mesa multicultural brasileira, precipuamente os conhecimentos ambíguos e contínuos da população negra do passado e do presente que culminaram na cultura alimentar do povo brasileiro, tais como, a feijoada e outros pratos. Para tal, utilizamos de intervenções pedagógicas cunhadas num currículo calcado no desenvolvimento das potencialidades dos educandos, de modo que possam compreender as contribuições africanas e negras brasileiras para a cultura alimentar do país, bem como, conhecimentos científicos envoltos na transformação, estrutura e propriedade da matéria presentes do cru ao cozido (elo de intersecção que promove a cultura). Os resultados empíricos aqui elencados foram colhidos numa disciplina de Química experimental que focaliza na descolonização do currículo. Tal disciplina encontrou-se pautada em desenvolver um deslocamento epistêmico do currículo de Química, tendo por temática a lei brasileira 10.639/03. São apresentados os resultados empíricos de duas intervenções pedagógicas desenvolvidas na disciplina, a química no preparo da feijoada e o papel da vitamina C na preservação e a cura do escorbuto: a alimentação do negro da diáspora. Os nossos resultados apontam e nos demonstram caminhos para que se possa ensinar Química através de elementos da matriz epistêmica quilombistas. Os resultados nos apontam ainda, que precisamos (re)pensar a relação do conhecimento químico com as interações acerca da diversidade étnico-racial nas salas de aula, e como tais relações propiciam o amadurecimento social de nossos educandos.

 

SANTOS, V. L. L. Sobre operações unitárias e a implementação da lei 10.639 no ensino de Química: o ato de cozinhar como prática social. 2018. 126 f. Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018.

 

Sobre operações unitárias e a implementação da lei 10.639 no ensino de Química: o ato de cozinhar como prática social

Fuente: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8496