
Anna Benite trabalha pela descolonização dos currículos e por mais espaço para meninas e negros na ciência
A CIÊNCIA COMO CAMINHO
Anna Benite trabalha pela descolonização dos currículos e por mais espaço para meninas e negros na ciência
"Onde estão as pessoas que vieram do mesmo lugar que eu e cadê as mulheres?". Todas as vezes me fazia essa pergunta enquanto andava pelos corredores da universidade de química. Era um lugar tão monocromático.
No mestrado, a mesma ausência. Meus orientadores eram dois homens, brancos. Cheguei a ser questionada se não me sentiria mal em ter que interromper meu trabalho de pesquisa para ter filho. Segui em frente, mas o grande problema é que ainda há espaço para esse tipo de atitude, que menospreza e tenta limitar o 'ser mulher'.
Por isso, ficava me perguntando: até quando terei que passar por isso? Até quando vou continuar sem pares, sem referências? Em uma disciplina superdifícil, de físico-química-orgânica, comecei a tirar A. E não tinha um só colega de sala que não falasse: "Ah, você é muito esforçada. Parabéns!". Isso me irritava profundamente. Por quê eu era a esforçada e quando eram eles que tiravam notas boas, isso era normal, ou eles eram acima da média?
De alguma maneira, a química entrou na minha vida com uma perspectiva de transformação. A ciência da transformação. Foi por isso que decidi 'recomeçar' após o meu doutorado. Voltei meu trabalho para o lugar de onde saí, foquei na educação de base para que mais meninas e jovens ocupem seu lugar de direito. E que lá na frente, no ensino superior, possam encontrar os pares que não encontrei no passado."
https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/causadores-anna-benite/index.htm#cover
Fuente: https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/causadores-anna-benite/index.htm#cover