UFG

Seminário conjunto marca lançamento de disciplinas

Mais de mil vagas são oferecidas em matérias relacionadas a gênero, sexualidades e relações étnico-raciais

Um momento pedagógico para pensar junto e aprender mais sobre temas relacionados a gênero, sexualidades e relações étnico-raciais. Assim foi o seminário conjunto, realizado na tarde desta terça-feira (30/8), que marcou o início das disciplinas sobre essas temáticas, que passaram a ser ofertadas pela UFG nesse semestre. São mais de mil vagas em 21 disciplinas.

O coordenador de Inclusão e Permanência da UFG, Jean Baptista, e a coordenadora de Ações Afirmativas, Luciene Dias, deram as boas-vindas aos alunos, destacando o marco histórico que esse momento representa para a Universidade. "A gente honra muitas histórias nesse momento", afirmou Jean Baptista, ressaltando que a oferta dessas disciplinas é resultado dos esforços dos movimentos negro, indígena, LGBT e, sobretudo, feminista. "Esse é um momento de convergência de um trabalho maior que vem sendo realizado na Universidade", completou Luciene Dias.

 

Em roda de conversa, importância da inserção desses assuntos na Universidade foi tema de reflexão

Roda de conversa
O seminário começou com depoimentos de pessoas ligadas à UFG que colaboraram para a concretização desse momento, com uma roda de conversa sobre a importância de inserir cada vez mais esses assuntos no cotidiano Universidade. A professora do Instituto de Química, Anna Canavarro, que vai ofertar uma das disciplinas, destacou que esse é um momento de muita alegria, que envolve 40 docentes. "Pensar essas questões no Brasil é complexo, mas vamos continuar gravando mais uma etapa de nossa existência em resistência", afirmou.

Representante do Coletivo de Mulheres e Homens Transexuais, Transgêneras, Familiares Apoiadores da Causa Trans na UFG (TransAção), Ester Sales, afirmou que quando a sociedade trata esses temas como tabu está negando a existência das pessoas. "Falar de sexualidade e gênero é falar de nós mesmos. É olhar para si e se reconhecer no outro", pontuou. Ester, que é mestre em Filosofia pela UFG, lembrou as conquistas da população travesti, transgênera, intersexual e transexual (TTIT), como o nome social e a reabertura do Projeto TX, e a luta pela inclusão de disciplinas sobre sexualidade, especialmente nos currículos dos cursos da área da saúde. Para ela, a discussão é complexa, mas sociedade está mudando porque as pessoas também estão. "Nosso papel é incomodar e desacomodar e um dos resultados dessa luta estamos vendo hoje, tanto que estamos construindo uma nova história, mesmo em tempo de retrocessos sociais".

A estudante de Geografia e feminista, Helena di Lorenza, destacou que a oferta dessas disciplinas é uma conquista que vários movimentos construíram juntos. "Me orgulha muito falar sobre a participação de mulheres na Universidade, validando nosso suor diário de luta. Vamos usar esse momento para fazer a Universidade crescer", pontuou. Coordenadora do Núcleo de Estudos Afrodescendentes (Nead), a professora Mariana Cunha lembrou os marcos legais e falou sobre como a obrigatoriedade de ofertas de disciplinas no ensino básico refletiu nas discussões na UFG. "Estamos resistindo", concluiu.

A professora da Faculdade de Ciências Sociais, Flávia Rios, falou de suas experiências com estudos relacionados à relações raciais e gênero e lamentou que, mesmos nas Ciências Humanas, estudar esses assuntos ainda seja uma luta institucional. Ela lembrou que hoje 52% dos estudantes de instituições federais de ensino são mulheres e que esse fato tem gerado uma demanda de mais professoras e bibliografia produzida por mulheres. "Essa é uma demanda fantástica e, ao mesmo tempo, um grande desafio. Espero contribuir com a UFG nessa investida".

Seminário disciplinas

Atividade contou com intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Resistência
O pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello, lembrou das mudanças na Universidade e das tentativas de transformação encabeçadas especialmente pelos movimentos de minorias e a produção de conhecimento relacionado a esses temas na Universidade. Para Luiz Mello, o momento é de aprender a respeitar o outro. "É um momento de avanço", concluiu.

Em seguida, professores apresentaram as principais propostas de suas disciplinas e discutiram com o público reflexões sobre as temáticas que serão abordadas durante os cursos. Outro seminário deve ser realizado no final do semestre para avaliar como as temáticas foram abordadas e pensar em propostas para o próximo semestre letivo.

Categorias: disciplinas

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